DEUSAPSYCHOLOUCA

Não foi difícil descobrir
Meu namorado me traía
Sempre soube dos seus fetiches por sadomasoquismo
Fácil imaginar quantas escravas tinha
Estava escrito na testa dele
Tantas vezes chorei, cansei!
Comprei um celular e criei um perfil falso
Adicionei-o no Facebook e daí pro whatsapp
Sexual Slave
Homens são burros, fáceis de manipular.
Quando temos um papo gostoso sobre sexo e criamos a persona perfeita, precisamos de menos de uma hora pra saber os podres.
Ele contou pra personagem submissa
O filho da puta só mentia pra mim
Vangloriando-se, assumiu.
Disse ter uma namorada linda, e que a amava.
Mas era compulsivo sexual
Contou da professora da academia e da sua amiga, que as comia juntas.
Disse ser frequentador de casas de swing
Seu maior vício
Adorava escravizar mulheres casadas na frente dos maridos
Segurei a vontade de estrangulá-lo
No final da conversa, ele estava desconfiado.
À noite fomos jantar
Ficamos naquela guerra fria
Eu fingindo não saber
Ele muito cabreiro
Voltamos pra casa dele e trepamos como sempre
Era a única coisa que fazíamos perfeitamente
Uma semana passou, não aguentei…
Na minha casa, vomitei toda sua verdade mentida.
Não teve como negar
Chorou
Ajoelhou
Humilhou-se
Confesso que senti repulsa ao vê-lo tão submisso
Implorou
Eu disse que só ficaria com uma condição
Teria que me levar numa casa de swing
Concordou
A princípio, pensei estar me testando, seguro de que eu nada faria.
Chegaram o dia e a hora
Arrumei-me lindamente
Sou loura e alta
Fiquei um escândalo
Quando me encontrou, disse-me estar linda.
Fiquei esperando seu desespero
Nada!
Pegamos um táxi
Não se deu por vencido
Entramos na casa de swing
Não fraquejou
Mas ele viu… ahhh… se viu…
Ajoelhei
Todos me olharam
Eu, a mulher mais gostosa da casa, pedindo pra chupar seu pau, na frente de todo mundo.
O filho da puta riu
Então gritei:

- Todos podem botar o pau pra fora, vou chupar geral.

Nessa hora, tive certeza, ele ia dar um show, proibir, meter-se na frente de quem se atrevesse a me tocar.
Não!
O sacana falou, rindo:

- Podem vir, ela engole até o talo.

Com muita raiva, chupei e dei pra todos, contei um a um, olhando pra ele.
Sua máscara de fodão deveria cair por terra, a qualquer momento.
Na verdade, eu estava contando o tempo pra irmos embora.
Ele iria debulhar-se em prantos
Não aconteceu!
Em casa, comentou meu desempenho descarado com uma ereção alucinada.
Fodeu-me a alma, lavada de sujeiras, me fazendo gozar sem parar.
Depois, exaustos, disse-me, agora faremos tudo na frente um do outro, eu ia pirar chupando bucetinhas.
Eu não tinha o que improvisar
Queria fazê-lo sofrer
Mulher nenhuma aceita seu homem tão pacífico e seguro
Eu precisava levar um tapa na cara, como castigo.
Ser chamada de vadia num sentido não sexual
Mas ele venceu
Não!
Depois que dormiu, sangrou.
Comi seu pau assado na lareira a nos iluminar
Morreu vendo sua pica em minha boca, pela última vez.
Num romantismo insano, pensei:

“Não o dividirei com mais ninguém, o tenho dentro de mim, pra sempre…”

Não me arrependo
Sou do tipo que corta picas
Sou uma musa-ninfa-deusa-psycho-louca
Eu sou Carol!

Pablo Treuffar
Licença Creative Commons
Based on a work at www.pablotreuffar.com
A VERDADE É QUE EU MINTO

A VERDADE É QUE EU MINTO

17 comentários:

Bárbara Vieira disse...

Mulher nenhuma aceita seu homem tão pacífico e seguro
Eu precisava levar um tapa na cara, como castigo.
Ser chamada de vadia num sentido não sexual
gozei… putzz kkkk adoro escrita assim… faz questao de captar os detalhes do prazer.. morro c isso kkk maltratou nessa.

Leo Benitez disse...

O Mestre do Inconcebível estava fazendo falta. Seus últimos textos auto-bajulatórios não fazem jus ao Monstro da Lagoa Rodrigo de Freitas.
Nesta singela peça, ele nos transporta para a mente de sua musa insana, perplexa, amante, violenta, urbana, competitiva.
Louca.
Para os olhos do Crítico, ele é sempre seus próprios personagens, o fake mais entrópico dos fakes. Ou seja, ele é Carol. Ele a ama desesperadamente. Ele mataria por ela.
Ou seria por ele mesmo,
O Ciclista Ergométrico da Egolatria?
Façam soar aos quatro ventos,
O Intragável voltou!!!
Achei o texto estrupiante!!!

Jéssica Gonçalves disse...

Gosto da desconstrução dos conceitos, como nesse período; “Eu precisava levar um tapa na cara, como castigo. Ser chamada de vadia num sentido não sexual’, por mais que o sentido literal da sentença nos remeta a punição da personagem, a patologia dela não é tão simplória, se o namorado a castigasse, o maior castigado seria ele, seria a sua derrota, teria finalmente sentido alguma dor, a mesma coisa acontece nessa sequencia; “Então gritei: – Todos podem botar o pau pra fora, vou chupar geral. Nessa hora, tive certeza, ele ia dar um show, proibir, meter-se na frente de quem se atrevesse a me tocar. Não! O sacana falou, rindo: – Podem vir, ela engole até o talo. Com muita raiva, chupei e dei pra todos, contei um a um, olhando pra ele. Sua máscara de fodão deveria cair por terra, a qualquer momento. Na verdade, eu estava contando o tempo pra irmos embora. Ele iria debulhar-se em prantos”, aqui, por mais que fique claro quando ela goza sem parar com eles em casa lembrando do acontecido, outra vez o mais importante não é a sexualidade de ambos, mas a maldade humana. O Pablo tem esse dom de escrever coisas que pra a maioria parecem apenas devaneios sujos de uma mente estritamente sexual, quando na verdade, está gritando por socorro pra essa sociedade doente em que vivemos.

Thamyres Lucena disse...

Eu devia era parar de ler seus textos… cada vez que faço isso fico com mais certeza que vou pro inferno só por gostar das tuas ideias.

Bauh de Van Diko disse...

Genial! Adorei! E, desta vez, concordo em gênero, numero e grau com Benitez.

Fernanda Gasser disse...

Ah, Pablo…entendo como poesia, não como crítica. Entendo um casal no ápice do desejo sexual, com seus desejos mais escondidos vindo à tona e trazendo à relação toda essa loucura…Isso é muito bom!! E não levei em conta o pau cortado e sangrando…interpretei apenas como um desejo secreto dela.

Leo Benitez disse...

Treuffar é um romântico sensível e um apaixonado incorrigível.
Poucos são sabedores da real persona por trás do bardo, ele pouco permite as lentes bisbilhoteiras da mídia e dos curiosos. Suas musas se perdem em devaneios, mas o lobo não fraqueja, e se mantém incólume, sem maiores esforços dominatórios.
Lembro-me perfeitamente da temporada que passamos em Marselha, em companhia das primas francesas loiras e pervertidas que o Intragável descolou por lá, não me perguntem como. E no fim daquela temporada européia(92? 93?), lá estava ele engalfinhado com uma de suas Caróis, os dois enclausurados num quartinho barato, sem contato com o mundo exterior, e vivendo só para o amor e sua dança ritual. Tive que arrancá-lo à fórceps e levá-lo ao aeroporto com a ajuda da embaixada. Ele, drogado, bêbado e descontrolado, ela, 17 anos apenas.., escoltada pela família, gritava em prantos, “Je t’aime! Je t’aime!!!”
E pelas cabeças das Treuffetes em fila, submissas e suplicantes, resta uma pergunta;
Quem seria a Carol do momento? E a do passado?
E a próxima da lista?
Salut, mon Frère!

Denise disse...

Adorável e istigante…Intragavelmente maravilhoso…adorei o desfecho e o enredo..Mais uma vez venho me embriagar de uma dose de Treuffar essa bebida incrível que todas as mulheres querem provar ou tomar novamente…Vc é um grande escritor eu sou sua fã e adoro sua forma tesuda (eu diria )de escrever contos que despertam nossas mentes inquietas…Palmas!!!!

Patricia Garbuio disse...

Sou suspeita para falar algo. Já que minha escrita é bem parecida, talvez, mesmo com sexo e mortes, mas delicada. Sempre mato e ás vezes decepo o brinquedinho dos caras. Faz tempo que sou sua fã. E o Pablo nem sabe que tenho um conto dos mais recentes bem parecido com esse.
Enfim, lógico que adorei e curti muito.

Wandyr Fortunato disse...

Ah… a perversão despudorada, estaria na mente, ou somente mente quem não a sente?

Marcelo Franco Lustosa disse...

Eis o Intragável Treuffar em sua essência. (“Essência” não é o termo mais adequado, porque, embora remeta a um “centro de gravidade” a respeito do qual orbitam seus dizeres; pressupõe certa delimitação, rigidez, domínio, estabilidade – algo sinalizando o que é, enquanto, é sabido: nada na Realidade é senão sendo.) “O Intragável Treuffar”. Este foi o seu mais bem elaborado, captado e depreendido epíteto – semântica e fonologicamente falando -, obra do Leo Benitez, que ficará eternizada sobre a lápide de pedra do seu (nosso) querido e divertido amigo, ídolo e artista. Não me arrisco a afirmar que a obra do Intragável é autobiográfica ou que não é. Indubitavelmente dialoga com sua vida, ou se alimenta de suas vivências, ou qualquer coisa que o valha, mas qualquer consideração nesse sentido seria pura ingenuidade. A Realidade não é estanque. A ficção não é estanque. Não há uma barreira ou um limite – estanque – que as separa. Todo discurso comporta essa hibridade e é permeado de ambas as vozes. O Fato é que Treuffar se utiliza de suas vivências singulares para elaborar escritos únicos. Não há uma tonalidade de tinta ou pincelada que não seja fruto, e não resulte no produto, de suas idiossincrasias – fortemente influenciada sobre suas vivências. “As palavras são meios toscos do afeto se tornar linguagem”. Tal princípio se aplica perfeitamente aqui: nos contos escritos pelo Pablo. Você tem leitor, em mãos, acesso às flechadas dos seus afetos. Deixe-se ser atingido pelas flechas. Deixe-se sangrar. Tudo na vida é sagrado, mas sobretudo sangrado. Abandono esse espaço pra lhe deixar na intragável companhia de Pablo Treuffar. Uma coisa é certa: você nunca mais será o mesmo.

Mari disse...

Como sempre, espetacular!
Consegue nos transportar para a cena através da narrativa detalhada…
Sou sempre suspeita
Te curto de graça

Patrícia Texeira disse...

Faço minhas as palavras de Denise ♡, tens uma maneira “tesuda” de escrever. I like!!! Quanto a “corta picas”, egoísta, tem q aprender a dividir o que é bom com axxx coleguinhas. Bjo na boca.

Josué Reis disse...

O cara não separa verso de prosa. Mas fica FODA! Então foda-se!

Cristiano Deveras disse...

Putz, ainda não havia passado por aqui… Psicoputa cortadora de bilaus?

Vade retro.

No mais, eis o estilo Treuffar na íntegra; prosa com cara de poema (ou vice versa, à gosto ou o que queira), sex, some drugs and rock n´roll, onde a marginalidade aflora. Não por acaso, tenha certeza disso…

ficanapaz

Uouo Uo disse...



thank you

سعودي اوتو

Uouo Uo disse...

thx

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